Segundo ano da série chega expandindo a história, investindo
em novos personagens e aumentando ainda mais a carga dramática
A comédia da Netflix que também conta com um toque de drama embarca de vez na
discussão sobre temas em alta como o assédio em locais públicos, a falta de
empatia para com as vítimas e os medos que despertamos após passar por
episódios dolorosos de nossas vidas. Acompanhando a rotina de um grupo de adolescentes, os seus
pais e seus professores, descobrimos que tudo pode ser retratado tanto da forma
mais engraçada possível, quanto da mais triste e angustiante.
Otis, o nosso protagonista está passando por um triângulo
amoroso enquanto tenta descobrir como é estar dentro de um relacionamento
sério. Eric, o talvez personagem mais amado pelo público, passa por situação
semelhante, mas sem decidir em quem irá investir no final das contas. Enquanto
Maeve, a antes rebelde sem causa, ganha um desenvolvimento que a torna mais
madura, honesta, dedicada e de todos os presentes na trama, a mais adulta.
O foco da continuação é colocar em pauta e também expor,
como a sociedade trata problemas gravíssimos como o assédio sexual e as
sequelas deixadas por ele. Tal aprofundamento acontece em boa parte dos
episódios que ao contarem as situações da forma mais real possível, consegue se
tornar marcantes e indispensáveis, beirando tornarem-se obras quase perfeitas.
A atuação do trio principal continua incrível e coesa, Asa
Butterfield (Otis), Ncuti Gatwa (Eric), e Emma Mackey (Maeve), revelam ainda
mais camadas em suas interpretações e mostram que é possível fugir de um
roteiro que apenas cria situações bobas ou repetições de tudo aquilo que já foi
mostrado ao público na edição passada da série.
As trilhas sonoras energéticas e ao mesmo reflexivas em
determinados momentos constroem atmosferas únicas que irão certamente envolver
quem está assistindo. O nível de trabalho feito nesta parte dois mostra que
ainda há muito chão a ser percorrido e que mesmo assuntos considerados tabus
como educação sexual, precisam ser colocados em evidência.
A mensagem aqui deixada é clara: todo mundo é protagonista de
sua própria história, não existindo coadjuvantes indispensáveis ou que tornem o
enredo principal pífio e sem nada a acrescentar.