Artigo | O negro no cinema: Um breve texto sobre preconceito racial

Maykon Oliveira
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Atualmente, ainda existe preconceito racial nos meios midiáticos, e ao longo do tempo, ele está sendo amenizado, mas ainda não é totalmente apagado para quem sofre com isso. Convido você para refletir sem pensar em questões políticas, ou debates que apenas servem como crítica, e sim, uma discussão sobre humanidade, respeito e reconhecimento de valores.

Cada vez mais atores afrodescendentes estão sendo escalados para papéis de maior importância, e isso é algo relativamente novo, em menos de 20 anos, o público já consegue aceitar que o negro no cinema não se resume apenas em papéis de serviçal, ou apenas o alívio cômico, mas também como protagonista, como John Boyega em Star Wars: O despertar da força (2015). 

A discussão não é se Hollywood é preconceituosa, é sim, o porquê de não darem espaço para os atores crescerem nesse meio. Um dos maiores motivos que levam à essa discriminação, é o estereótipo de acreditar que o ''Galã'' sempre precisa ser um homem branco, forte e rico, e simplesmente não aceitam um protagonista humilde, divertido e corajoso para seguir com seus objetivos.

Outro famoso discurso de alguns estúdios é dizer que o filme não vende se o ator principal for negro, o que é ridículo, visto que atuação e imagem é apenas um aspecto pequeno em um universo onde para se ter um bom filme é preciso um bom roteiro, boa fotografia, desenvolvimento de personagens, direção, maquiagem, ambientação e outros diversos aspectos. 

Após essas recentes reflexões, Hollywood decidiu fazer uma aposta arriscada que cada vez mais está sendo tendência: Escalar atores negros para papéis onde antes eram escalados atores brancos. Um exemplo disso é a escalação de Michael B. Jordan para Tocha humana em Quarteto fantástico (2015), e Hermione Granger na peça de teatro Harry Potter e a criança amaldiçoada (2016), ao qual foi escalada a atriz Noma Dumezweni, que acabou recebendo diversos comentários negativos por sua etnia, e no final das contas acabou por ser elogiada por sua atuação quando as primeiras críticas da peça foram divulgadas. Devido a estas mudanças, muitos fãs mais apegados com as determinadas franquias não gostaram da decisão, e acabaram por fazer comentários racistas ao dizerem que não suportam ver atores de outra etnia fazendo o papel de seu personagem preferido alegando que ele é ''Originalmente branco''. 

Emma Watson visita Noma Dumezweni, a nova Hermione na peça ''Harry Potter e a criança amaldiçoada''. 
Estou dizendo que deveríamos parar de enxergar raças e valorizar talentos e novas propostas que possam ser inseridas na sétima arte? Sim. Estou dizendo que deveríamos debater estas mudanças como algo bom e que possa ser mais explorado futuramente? Sim. A questão é mais simples do que parece, a atuação de um personagem é a coisa mais importante, e não é necessariamente a cor ou o tipo de pessoa que está interpretando que fará um trabalho ruim. 

Muitos atores que são brancos já viveram personagens Italianos, Japoneses, Britânicos, Brasileiros, e tudo isso de forma estereotipada, e exagerada, mas por serem brancos ninguém reclamou, e agora só por estarem investindo em um mercado diferente e apostando no talento de seus atores independente da raça, Hollywood é racista? 

A reflexão que fica é para entender que talento é algo interno, não é raça que define, não é cabelo, não é gênero e nem condição de vida, e sim, força de vontade, garra, coragem e determinação. As pessoas não chegariam à lugar algum se não lutassem por seus direitos, e não podemos deixar que a história da sociedade volte a ser manchada por aqueles que simplesmente não conseguem aceitar que não existe só um tipo de pessoa no mundo, e sim, diversos tipos de etnias que convivem em harmonia e apenas querem mostrar que também tem o seu valor. 

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