Foram necessários apenas oito episódios para criar uma das melhores séries já feitas sobre o gênero terror, drama, e suspense. Stranger Things consegue chegar à patamares nostálgicos e ao mesmo tempo inovadores em quase todos os seus aspectos: Fotografia, roteiro, atuação, ambientação, trilha sonora, e ganchos para os próximos episódios.
A obra faz referência aos grandes clássicos dos anos 80, e ainda vai muito além disso. É possível achar claramente cenas que remetem ao filme Akira, Os Goonies e Poltergeist. O espetáculo aqui é utilizar artifícios em primeiro momento dados como clichês, e depois enriquecê-los com novas formas de exploração e criação.
Os aspectos técnicos são impecáveis: câmera sem exageros, luzes contrastadas com o ambiente, trilha sonora moderna e nostálgica, e cortes precisos entre um episódio e outro. O roteiro não apresenta nada demais no início, porém, no decorrer da história ele vai ficando mais fechado, conciso, claro e amarrado, é uma perfeita amostra de um bom trabalho. A transição das cenas e o modo como é despertado o senso de curiosidade do espectador também é um ponto à ser elogiado, isso porque a história não revela seu mistério logo de cara, e sempre cria artifícios para outras hipóteses serem levadas por olhos mais atenciosos.
A computação gráfica é um pouco superficial, e a atuação das crianças de início é mecânica e não oferece nenhum tipo de novidade, no entanto, o desenvolvimento de cada um é muito bem explorado em determinados momentos, e é possível notar talento e uma grande melhora nos episódios finais.
No geral, Stranger Things é uma grande saudação aos anos 80, e um enorme passo à criatividade, inovação e um novo jeito de explorar situações dadas como saturadas e esquecíveis pelo público, os seus pontos fortes se sobrepõem aos seus defeitos, e mesmo tendo seus deslizes iniciais, ainda consegue deixar quem assiste satisfeito, curioso e impressionado com o roteiro.
Excelente.
