Crônica | A Japonesa

Maykon Oliveira
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Crônica | A Japonesa
Todos acabamos por conhecer uma japonesa em alguma parte de nossa vida, geralmente é uma relação boa, por vezes exagerada, por vezes desgastante, mas fazem valer a pena. Naquele dia, já estávamos no fim do verão, e nada parecia ser tão agradável quanto aquele tempo, e aquela pessoa.


Cabelos longos, olhos pretos, ela chegou. 
Não existiu nenhum anúncio de sua chegada, apenas apareceu, como um fantasma. Aliás, nos tempos atuais ela é um fantasma, mas naquele dia, era mais viva do que nunca.

Comecei a me perder, cair em um engano, mas não conseguia controlar, seu sorriso largo, seu olhar intacto e sua alma íntegra chamavam a atenção. Naquele momento, percebi que aquilo que estava por começar era um pensamento muito longo, algo que a nossa cabeça insiste em fantasiar, acreditar e enxergar. Curiosamente, não foi tão rápido a descoberta de que aquilo era de fato um ludíbrio, mas isso ocorreu por ser realista. 

Com o passar do tempo, tudo havia mudado, a estação agora era inverno, seus cabelos já não eram mais tão vivos, e suas palavras já não confortavam antes de dormir, agora, meu alento desaparecia, e o motivo parecia ser o encontro com aquela entidade. 

No dia final, Eu já não via mais o começo daquele sonho, tudo o que eu via era neblina, uma rua extensa, e um sentimento confuso. Ao acordar em minha cama, olhei o relógio e olhei o calendário. Aquele tal dia no fim do verão, levara 734 dias para chegar ao fim, e quando chegou, as quatro estações estavam mortas, mescladas com um céu cinzento no final do dia, e aglomeradas com retalhos de engano, e rios de saudade. 
No fim, ela foi embora, e eu também.

Texto: Maykon Oliveira.
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1Comentários

  1. A única japonesa que conheci se chamava Helô e ria de tudo e mais um pouco. Uns 45 anos, feliz, do tipo que chega a irritar. No final ela foi demitida e eu não.

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