Crítica | Doutor Estranho (2016) Diferente, mas nem tanto assim

Maykon Oliveira
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Um filme definitivamente diferente, e inovador. Esta frase pode resumir o que Doutor Estranho é em meio aos montes de longas lançados sob o selo Marvel. Com uma abordagem sobre a morte, consequências de seus atos, e uma filosofia sobre poder e dominação, o enredo constrói solidamente um bom personagem egocêntrico que pode remeter facilmente ao personagem Tony Stark, de Homem de Ferro. 

O Doutor estranho (Benedict Cumberbatch) é cheio de camadas que vão aos poucos sendo inseridas até estarmos diante de algo grande e ameaçador. O ator, Benedict Cumberbatch, mostra-se empenhado no papel, e consegue transitar como alívio cômico, e também como um grande herói que terá sua importância cada vez maior nos próximos filmes do universo Marvel. Sua atuação carrega dor, arrogância e disposição em praticamente todas as cenas.

A Anciã (Tilda Swinton) é outro destaque na trama. Com poderes inimagináveis, diálogos ameaçadores, e um mistério que sempre ronda a personagem, o enredo consegue fazer o espetador criar empatia, e dar sempre importância em suas aparições em qualquer cena. O seu arco emocional sobre a questão referente a morte é curioso, e bem interessante, este ponto é justamente algo novo neste já saturado universo de filmes de herói que ainda não havia sido explorado, e que consegue obter êxito. 

A fotografia é muito impressionante. Ela mescla planos abertos de cidades com distorções do espaço geográfico na maioria do tempo. A computação gráfica serve para dar mais peso à história e acrescenta muito no visual do longa, o problema, é que em determinados momentos podemos enxergar claramente que os atores nem sequer estavam presentes na coreografia de algumas lutas, e infelizmente, isso te tira do filme por causar incômodo. As tão sonhadas cenas em que o mundo real se distorce com outros planos e outros mundos é espetacular, mas não é algo tão diferente do que já foi visto em ''A Origem'', de 2010. 

O humor Marvel também está presente, mas está sobrecarregado, o tempo inteiro utiliza-se de piadas que envolvem cultura popular apenas para atingir o número máximo de espectadores possível, o que é triste, porque isso subestima a inteligência de quem está assistindo e abaixa o nível para algo como o humor bobo de uma criança que dá risada sem pensar se algo realmente tem um valor risório. As piadas que acabam por funcionar são momentos pequenos, de descontração, ou mesmo o envolvimento de 'objetos', comédia não é algo que o elemento humano consiga explorar bem neste filme. 

Em suma, Doutor estranho agrega pequenos momentos que podem ser muito elogiados, mas não tem todo o peso que os fãs mais devotos esperavam obter ao ver o trailer pela primeira vez. O humor infantil, a falta de ritmo que quebra a narrativa e o vilão genérico, faz este ser um filme mediano, mas por ser feito pela Marvel, e ter conexões com os outros filmes, algo bom e tolerável.



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