Crítica | Valorizando a vida através de A Sete Palmos

Maykon Oliveira
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"A sete palmos" (Six feet under), foi uma premiada série de televisão produzida pelo canal americano HBO, e dirigida por Alan Ball. Foi ao ar entre 2001 e 2005, totalizando cinco temporadas e 63 episódios. A série mostra uma família que tem como negócio uma funerária que é administrada por 3 filhos e sua mãe, e seus desafios para lidar com o trabalho mórbido e difícil após o falecimento do pai.



Lidando com assuntos como infidelidade, homossexualidade e religião, o espetáculo filosófico é estabelecido em todos os episódios. A história se baseia em todos os tipos de infortúnios que podemos ter ao longo de nossas vidas, e como isto acaba por corromper nossas amizades, famílias, e principalmente, nossa moral.


Cada episódio começa com uma morte — e por consequência — um cliente da funerária. O curioso a ser observado, é que tudo é perfeitamente escrito para passar empatia e reflexão ao espectador, seja pelo modo de como determinada pessoa viveu, ou pelo modo como ela morreu.

Em um destes momentos, um casal de homossexuais é assassinado, e seu ”Espírito” faz o irmão do meio da família, David (Michael C. Hall), que também é homossexual, refletir se o seu modo de vida é certo ou errado, tanto sobre a perspectiva de Deus, como a perspectiva da sociedade contemporânea.

Além de outras situações, todos os personagens têm espaço para crescer na narrativa, e possuem camadas de interpretações variadas e bem construídas, o exemplo disto é a irmã mais nova, Claire (Lauren Ambrose), que é problemática pela falta de atenção da família, e o irmão mais velho, Nate (Peter Krause), que sempre quis viver sua vida longe deste cenário fúnebre que seus familiares são obrigados a conviver diariamente.

A base para a construção deste cenário imprevisível, imagético e filosófico é formado por uma trilha sonora curiosa, estilizada em tom de remix e música medieval, que causa estranheza e mantém o nível da narrativa coerente com as cenas, e imprevisível em relação às situações do cotidiano de uma funerária.

A fotografia é pálida em momentos de despedida, e estourada em situações de dor, angústia ou harmonia, mas nunca cai para o óbvio de se tornar escura e fria apenas pela morte de um determinado personagem, aqui, a elevação dos sentimentos humanos e o incômodo que se pretende atingir é o objetivo principal. A maquiagem e o design da produção é realista e passa fidelidade ao espectador, ganhando até mesmo o prêmio de Melhor Maquiagem na premiação do Emmy Awards em 2002.

A atuação dos atores que compõem o elenco principal é descontraída, dedicada e honesta em todas as cenas. O ambiente familiar construído através das interações entre os membros é realista e não cai no clichê como na maioria dos seriados de drama. O último episódio é o mais emocionante da série, e ficou eternizado como um dos melhores finais de uma série americana, e foi altamente elogiado pela crítica especializada.

A sete palmos ganhou inúmeros prêmios, entre eles 6 Emmy’s em 2002 por: Melhor Elenco, Melhor Design de Título, Melhor Música Tema, Melhor Maquiagem – protética, Melhor Atriz Convidada para Patricia Clarkson, Melhor Diretor para Alan Ball, além de vencer outras categorias e conquistar o prêmio de melhor série também nos próximos anos do Emmyaté 2006.

Foto: HBO / Divulgação.
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