Crítica | Precisamos falar sobre o Kevin – O filme que explora a psicopatia em níveis sutis

Maykon Oliveira
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Um casal tem um filho que, desde pequeno, não demonstra sentimentos por ninguém, seu nome é Kevin. O comportamento do garoto, aos poucos, vai piorando até resultar em uma situação ao qual os pais não poderiam imaginar. O longa de 2011 tornou-se um sucesso mundial por explorar as pequenas situações que podem revelar o destino de um futuro psicopata.

O enredo foi escrito em ordem não cronológica apenas para dar mais ênfase ao fato de ser um filme que não explora algo comum. Flashbacks e luzes compõem a narrativa que, aos poucos, faz o espectador entender qual é a mensagem que está sendo passada. O brilhantismo do longa metragem é ainda maior quando se observa a atuação de seus atores. Erza Miller faz o papel do jovem Kevin e em suas cenas, mostra talento puro em uma atuação que transmite medo, curiosidade, espanto e imprevisibilidade ao espectador. O jovem consegue evidenciar todo o seu entusiasmo e a psicopatia gradativa do personagem.

A atriz Tilda Swinton faz a mãe de Kevin, Eva Katchadourian. Uma mãe que faz de tudo para agradar o filho e sua família, mas acaba encontrando limitações que afetam cada vez mais o seu psicológico e a sua rotina. A personagem é o retrato de uma mãe comum que faz tudo por seus filhos, mas que descobre que, pouco a pouco, isto se torna uma tarefa difícil e complicada. O restante do elenco pode ter algo que chame a atenção, mas no geral, não conseguem se destacar.

O ponto negativo do filme é a demora para começar a fazer o público entender o que está acontecendo. A dureza é aguentar pelo menos 30 minutos de cenas em que nada se encaixa, e cada vez mais você fica confuso. Outro ponto a ser destacado é a falta de explicação na cena final, mas isto pode ser subjetivo dependendo de como você enxerga a situação. No geral, o filme é grandioso, excelente, possui ótimas interpretações, e uma boa narrativa, serve como um leve estudo sobre a decadência do ser humano e suas atitudes ao longo de seu crescimento físico e psicológico.

Foto: Divulgação/ Ocilloscope Picture
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1Comentários

  1. Uma cena memorável pra mim é a cena em que ela comenta no trânsito, com o filho, sobre uma pessoa que ela vê "hormônios meu ovo, pessoas obesam estão comendo coisas erradas o tempo todo e não sabem porque engordam". Pra mim, essa cena em primeiro nível mostra um nível de conexão entre os dois, mas mais profundamente de onde ele pode ter "puxado" a indiferença é a falta de capacidade de empatia. Para mim, ficou claro que a personagem da Tilda não tinha digamos uma "vocação" maternal, apenas foi aceitando a vida que foi imposta a ela (ela inclusive passa longe de uma mulher do lar "padrão" o que fica evidenciado nos seus sonhos de vuagem) Kevin herdou a falta de empatia dela (claro, em um nível BEM maior). Além disso, a única pessoa que ele não mata é a mãe, a personagem que menos se importava com ele. Porque? Porque ele sempre procurou pela atenção dela... Atenção que ela não estava preparada pra dar...

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