Crítica | Coringa — E o melhor filme do ano

Maykon Oliveira
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Um dos mais polêmicos e aclamados filmes de 2019 é uma história de vilão sem o seu inimigo mortal, focando apenas em sua mente que aos poucos vai se entregando ao ódio e ao massacre humano para que finalmente, Arthur Fleck possa se sentir feliz em um mundo que considera doentio.

Coringa, não surpreendentemente é uma obra que te coloca para pensar e refletir acerca da sociedade em que vivemos e como encaramos os atos do protagonista dessa narrativa que além de explorar os altos e baixos da vida, também retrata fielmente um mundo econômico que mantém uma parte da população jogada as margens da sociedade sem medicamentos, amparo social ou serviços básicos de saúde e higiene.

Nessa jornada, não há um ápice que leva a uma luta gigantesca e imersa em computação gráfica ao fim do filme, muito pelo contrário. O que vemos em cena o tempo todo é a construção de um dos ícones das histórias em quadrinhos mais amados de todos os tempos e como ele chegou ao seu limite quando pisado e deixado de lado por pessoas que acreditou serem boas ou importantes em sua vida.

O longa metragem dirigido por Todd Phillips e estrelado por Joaquin Phoenix é deslumbrante em diversos aspectos como atuação, musicalidade, fotografia e direção. A arte que presenciamos ao longo de suas quase duas horas e meia em tela parece retratar uma sólida pintura que foi feita para chocar e também para instruir. Goste ou não, o Coringa do ator de 44 anos é impiedoso, cruel e extremamente destrutivo que ao longo dos acontecimentos, parece ser uma ameaça mortal a qualquer Batman que cruzasse o seu caminho.

O já sucesso de bilheteria que segundo o site Omelete arrecadou 500 milhões de dólares em apenas duas semanas, mostra um caminho firme e pavimentado para a Dc Comics investir novamente nesse estilo voltado ao realismo e a sanguinolência desenfreada. O resumo da ópera ao término da sessão é simples, mas também complexo: Impressionante e perigoso.

Apesar de muito se falar na potência que essa produção tem de inspirar pessoas com problemas em suas vidas e elas acabarem por cometer homicídios em massa, vale dizer que também há perigo para quem tem uma sensibilidade aflorada quando falamos sobre saúde mental e como retratamos pacientes que sentem que nada está melhorando e tudo parece cada vez mais leva-lo ao abismo.

O impacto deixado por Coringa prova que é possível, ainda num gênero tão desgastado como o dos super-herois, a retratação de uma ideia inovadora, ambiciosa e realista, sem lutas coreografadas e reluzentes, apenas utilizando o uso da mente humana como ferramenta para a construção do caos.

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