The House: Uma estranha, incrível e bizarra animação

Maykon Oliveira
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Dirigido por Emma de Swaef, Marc James Roels, Niki Lindroth von Bahr e Paloma Baeza, "The House" é um filme original Netflix que rapidamente está ganhando visibilidade, seja pelo modo como foi feito ou por sua trama assustadora que está dando o que falar, em especial pelo final aberto e totalmente interpretativo com ares de "Donnie Darko" de Richard Kelly e "Mãe!" de Darren Aronofsky.

Na primeira cena, acompanhamos uma humilde família ao chegar em uma grande casa. Na segunda cena, um rato está reformando tudo para ser vendido. Na terceira, e última, uma gata tenta desesperadamente fazer dinheiro com o que resta daquele local. As três linhas narrativas mostrarão que o personagem principal dessa história é uma casa assustadora que guarda segredos e desperta diferentes emoções em cada indivíduo que habita nela.

Uma corajosa garotinha vaga pelos corredores da estranha casa.

Este filme é propositalmente feito para ser estranho, desde a música composta pelo gênio Gustavo Santaolalla, já aclamado por diversos filmes como Relatos Selvagens, Babel e O Segredo de Brokeback Mountain, e em especial, pela premiada trilha do jogo The Last of Us Part 2. Ao decorrer de cada ação existe sempre uma trilha sonora pesada que remete angústia, aflição e também desespero. Cada núcleo presente no filme ganha sua própria identidade, seja para expressar solidão quando focamos em uma família que aos poucos vai se separando ou quando celebramos a loucura de um vendedor de imóveis que chega no limite ao tentar expulsar os vermes que insistem em estar na residência.

Outro ponto a ser destacado é o uso de filmagem em Stop Motion (técnica que utiliza a disposição sequencial de fotografias diferentes de um mesmo objeto inanimado para simular o seu movimento), um recurso que ganhou fãs com o lançamento de filmes como Coraline, Fuga das Galinhas, O Fantástico Senhor Raposo e o mais recente, Ilha dos Cachorros. A construção dos bonecos, a variação de cenas, os mínimos detalhes dentro da casa e até mesmo as cores e interferências presentes em cada objeto em cena torna tudo ainda mais claustrofóbico e apreensivo, o que coopera para o sentido da mensagem do filme.

A riqueza dos detalhes e a certeza de que algo está macabro são pontos chaves aqui.

Ao fim do filme você poderá entender toda a mensagem caso fique atento até o final, ou poderá fazer parte da maioria das pessoas que provavelmente não saberão dizer do que o longa se trata e o que foi tudo aquilo que acabou de assistir. A verdade é que esta história é feita dessa forma de propósito, não há muita explicação verbal, não há narradores, nem o uso de textos expositivos, a mensagem foi feita para ser pensada.

Pessoalmente, acredito que essa obra brinca com a loucura de se atingir um objetivo, explora como a solidão pode afetar a vida de alguém e como jogamos nosso passado no lixo apenas por status ou uma vida mais luxuosa. Tudo visto nessas mais de uma hora de filme podem ser explicadas lendo o roteiro original ou indo atrás da entrevista concedida pelos autores, mas o objetivo aqui é justamente o contrário: desperte seu lado criativo e tente entender como explicar esse universo de estranheza apenas com os seus olhos, que certamente irá chamar a sua atenção até o fim.

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