Crítica | Megan (2023): Da estranheza ao absurdo

Maykon Oliveira
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O mercado de filmes de terror com brinquedos assassinos parecia ter chegado ao fim com as infinitas continuações de Chucky e derivados do gênero com histórias sobre espíritos malignos em bonecos e outros objetos infantis. No entanto, Megan, o novo “terror” da Blumhouse, dirigido por Gerard Johnstone, chega para mostrar que ainda há muitas vertentes a serem exploradas, como o uso da inteligência artificial em nossos aparelhos eletrônicos e também o medo crônico que temos de robôs desenvolvem vida para exterminar a humanidade.

Nessa história, a boneca Megan (Amie Donald na interpretação, Jenna Davis na voz) é uma maravilha da inteligência artificial, um brinquedo realista programado para ser a melhor amiga de Cady (Violet McGraw), uma criança que acaba de perder os pais e é obrigada a ir morar com sua tia Gemma (Allison Williams) que trabalha justamente em uma empresa de produtos infantis.

A diversão aqui começa quando Megan decide aos poucos o que é preciso fazer para tornar sua usuária feliz, desde ameaçar machucar alguém apenas com a expressão de seu olhar ou de fato quebrar braços, pernas, e o que mais for possível para executar sua tarefa de boa amiga. Quando ela percebe o que é matar e o que é a morte para os seres vivos, sua caçada – por vezes cômica devido às dancinhas e as músicas que canta – se torna insana e totalmente violenta.

Obviamente o filme sabe que toda essa trama pode parecer estranha e causar certa descrença do público que está assistindo. Para resolver essa situação, a direção aposta em cenas engraças de danças ou cantos, mostrando que a boneca, apesar de ameaçadora, ainda é um brinquedo e nada mais além disso.

Dessa forma, o longa pode decepcionar quem espera por atividades paranormais ou sequências fortes de execuções e decepamentos, mas é honesto em cravar que seu gênero correto é o “terrir” (uma modalidade de filmes de terror cujo absurdo e exagero nas cenas são marcas registradas propositalmente para causar o riso). Ao final da experiência, Megan é criativo, divertido e entretém de forma brilhante e sem saturar, sendo um marco para os filmes do mesmo tipo e trazendo um frescor que há tempos era necessário até mesmo para os fãs de terror com brinquedos.  

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