Artigo | De Amélie Poulain à Katniss Everdeen: A representatividade feminina no cinema

Maykon Oliveira
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Nos últimos anos, a participação das mulheres no cinema teve um aumento considerável, mas, ainda não é o suficiente. Você sabe dizer o motivo ao qual grandes produções de filmes não resolvem apostar em heroínas ou simplesmente retratar a mulher sem ser de maneira sexista? Vamos refletir isso com base em fatos históricos e franquias adolescentes.



Desde o início do cinema, o famigerado "galã" sempre foi a aposta de todo e qualquer estúdio para promover seu filme, de modo a ensinar de maneira forçada e alienada o público a pensar que a mulher sempre precisa ser salva por um homem forte e musculoso apenas porque ela é fraca. Esta visão ultrapassada se deve ao frágil ego masculino que não consegue se provar de modo intelectual e apela para cenas de força física, tudo para evidenciar sua "superioridade". O curioso, é sempre manterem este esquema nos filmes, sem ao menos deixarem a mulher ter o seu devido destaque. Mas fica a pergunta: Qual o tipo de relação tem a mãe que trabalha, cuida dos filhos e estuda em relação à menina que precisa sempre ser salva e não possui a capacidade de vencer sozinha? 



Neste aspecto, tudo é construído por um sólido esquema de faturamento. Na grande mídia, você tem a propaganda, destinada a fazer o consumidor idolatrar ídolos masculinos de belo porte e aparência, e do outro, a ideia ultrapassada dos anos 50 que retrata o sexo feminino como frágil. As mulheres ganharam espaço após uma determinada época e foi tudo pelo ralo depois que os homens retornaram da guerra. No entanto, elas revidaram, protestaram, discutiram e mudaram seu jeito de ser e ouvir tudo o que era imposto, a partir daí os estúdios precisavam agradar não apenas o pai e os filhos, mas, também a mãe. 



O gênero apostado foi o romance, porém, o tema é um pouco duvidoso e utópico nas relações que ainda são retratadas nos filmes hoje em dia, na melhor das hipóteses, você encontrará alguém que goste de você e vice-versa, agora, apostar que será um grande amor cheio de promessas, viagens, frases bonitas, poemas intermináveis e juras de amor eterno é um pouco exagerado. Isso não significa que todas as mulheres gostem do tema, também existem as que preferem ação ao romance, o gótico ao clichê, a destruição ao terror, etc.



Atualmente, grandes diretores e produções independentes abrem diversas possibilidades para a escolha do que a mulher pretende assistir, ainda que, acabem por retratar uma personagem com o rótulo de ''vadia'', evidenciando um preconceito enraizado de categorizar e padronizar toda e qualquer mulher que seja diferente das outras mais ''comportadas'' em nossa sociedade. Com o passar dos anos e o avanço de escritoras e diretoras ganhando espaço em meio ao público, muito material está sendo disponibilizado para fazer com que as pessoas possam refletir e perceber o quão genial é ter uma protagonista, e o quão diferente é ter uma mãe guerreira, que fale palavrão e que não abaixe a cabeça para ninguém. 


Em relação aos filmes citados, ''O fabuloso destino de Amélie Poulain (2001)'' retrata uma mulher totalmente diferente, com manias, vocabulário solto e despojado. Um retrato totalmente novo em produções cinematográficas. Casos assim tendem a estar em crescimento, a última grande personagem do gênero foi Rey de “Star Wars: O despertar da força (2015)”, uma menina que cresceu solitária e que precisou sobreviver anos sem ter família, acaba por evidenciar o quanto você pode ser independente e não precisar seguir regras para tornar-se uma boa pessoa e atingir seus objetivos. 

Katniss Everdeen da franquia “Jogos vorazes” é um grande ícone a ter uma saudação honrosa, porém aos que prestaram atenção nos filmes e no contexto em que aquilo se passa, o seu mérito é apenas ser guerreira, mas não carrega a independência que o protagonismo feminino precisa. Em uma relação rodeada de clichês e o modo como é controlada pelo governo, acaba sendo exposta sua fraqueza de ser manipulada e jogada contra a parede em situações que vão de razoáveis a totalmente sem nexo. 

Em suma, o destaque feminino não depende apenas da mulher, a indústria cinematográfica precisa reconhecer que ainda estão presos por lucro e um sexismo camuflado, e necessitam entender que estão educando e padronizando toda uma geração que precisa ser reformulada para conceitos verdadeiros e diversificados, pois se pararmos pra pensar, seria muito bacana uma Rapunzel que destruísse aquela torre e fosse viver sua vida longe de seus pais, do que a submissa que ficou parada esperando um cara qualquer passar pela floresta em que ela se encontrava para salva-la.

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