Crítica | Koe no Katachi (2017) O amor consegue ouvir a voz do silêncio?

Maykon Oliveira
Por
1


Provavelmente, esta é a história mais surpreendente que você irá assistir em relação a outros longas baseados em Animês. Com um enredo que carrega fortes cargas dramáticas e boas doses de romance, Koe no Katachi (A voz do silêncio), chega para trazer uma nova visão de mundo para os apaixonados como Shakespeare e também para os desesperados e solitários a procura de alguém para amar.



A história narra a vida de Shoko Nishimiya, uma estudante do primário que é surda. Ela é transferida para uma nova escola, mas acaba sendo intimidada por seus colegas. Shouya Ishida, um dos valentões responsáveis acaba forçando-a para mudar de escola. Como resultado dos atos contra Shoko, as autoridades escolares tomam medidas sobre o assunto, Shouya é condenado ao ostracismo como punição, sem amigos para falar e não ter planos para o futuro. Anos depois, Ishida tenta reparar seus erros, para redimir-se com Nishimiya.


Nishimiya e Ishida.

Não é exagero dizer que esta, é uma representação das relações humanas exatamente como são na vida real; por exemplo, em uma escola em que alguém tem condições especiais, fica fácil dessa pessoa virar alvo de algum tipo de Bullying, e isto, infelizmente é o que acontece com Nishimiya. No entanto, a trama te leva a sentir-se culpado por assistir tal abuso sem ter o que fazer para ajudá-la. Por sorte, os conceitos de “tudo o que você faz acaba voltando para si” é algo frequentemente explorado na narrativa.

Esta vertente dos acontecimentos, é algo interessante justamente porque o nosso protagonista, Ishida, vai aos poucos se apaixonando pela garota que um dia prejudicou. Para o descontentamento da maioria do público, a história não foca no romance em si. A visão abordada é sobre como nasce um amor, mas não como ele pode se concretizar. Neste aspecto, se pararmos para pensar, faz sentido não maquiar este tipo de história apenas com boas doses de felicidade e visões apaixonantes sobre a vida. 

O rosto das pessoas em segundo plano é coberto por um "X".
A carga que cada personagem carrega é muito forte e expressiva. O enredo tenta a todo custo sempre explorar o modo como as relações são formadas ou desfeitas, o que por vezes te fará refletir sobre suas próprias atitudes em relação ao mundo e a todos a sua volta. Um recurso narrativo bem interessante que é constantemente relembrado ao longo do filme, é o “X” que estampa o rosto das personagens que não possuem afinidade com o protagonista. Na sua visão, as pessoas que foram cruéis ou são simplesmente estranhas, não possuem rostos, são apenas figurantes em relação a sua vida. A marca de X que preenche os rostos delas, só cai ao chão quando finalmente as relações se tornam amigáveis e produtivas para Ichida. O que por vezes pode soar poético.

Em tempos de 13 reasons why, em que uma história explora abusos e as consequências dele, a voz do silêncio, chega para acrescentar ainda mais nesta discussão. Este filme, possui uma visão única sobre a vida e as relações humanas; se o espectador não se emocionar com esta história, é pouco provável que ele tenha coração, porque o intuito, é justamente te fazer pensar nas suas atitudes, até na mais boba, para que, dessa forma, outra pessoa possa ser feliz sem sofrer abuso novamente.

AVALIAÇÃO: Ótimo/Excelente




Foto: Divulgação.

Postar um comentário

1Comentários

Postar um comentário