Crítica | Suzume – Uma carta sobre o amor, a perda e a saudade

Maykon Oliveira
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Suzume é uma estudante comum que mora na pacata cidade de Kyushu, no sudoeste do Japão. Um dia, seu caminho se cruza com o de um jovem que lhe pergunta se ela conhece alguma ruína pelas proximidades, e ela menciona um pequeno vilarejo abandonado pelas montanhas.

Minutos depois, a região começa a espalhar pelo céu um rastro vermelho que emana de uma misteriosa porta em meio às ruínas. Atraída pelo acontecimento, Suzume descobre que o local é, na verdade, um portal, servindo para evitar que uma tragédia aconteça e sendo o começo de uma jornada que irá colocar o mundo em perigo.

É impossível falarmos sobre o aclamado diretor Makoto Shinkai e não nos lembrarmos de "Your Name (2016)", "O Jardim das Palavras (2013)", ou "O Tempo com Você (2019)", sem estarmos ansiosos para embarcar em um mundo de fantasia e contemplação sobre vida e as relações humanas. A nova obra chamada: "Suzume" ou "Suzume no Tojimari", segue a mesma fórmula, mas muito melhor desenvolvida.

Suzume enxerga nas montanhas um misterioso rastro vermelho em direção ao céu.


Após os acontecimentos de Your Name e O Tempo com Você, fica claro que aqui em Suzume estamos diante do fechamento de uma trilogia sobre catástrofes, a força da natureza e os sentimentos humanos, mesmo que indiretamente. Nesse longa, estamos no ápice da carreira de Shinkai mergulhando em uma bela aventura com a junção da fotografia e a animação para celebrar às estrelas, o pôr-do-sol, o céu da manhã e também o espaço, sendo uma homenagem sem fim por paisagens nunca antes vistas, discutindo e refletindo sobre encontros e despedidas.

A nova história do diretor faz sucesso por ser justamente por ser uma aventura capaz de lançar um raio de esperança em nossas próprias lutas contra as trilhas mais difíceis de nossas vidas, mostrando que a ansiedade e as limitações diárias são o que compõem a vida cotidiana de qualquer humano. Esta simplória história sobre “portas que conectam o passado ao presente e o presente ao futuro”, deixará para sempre uma impressão duradoura e brilhante no coração de cada espectador. Makoto Shinkai cria aqui sua grande obra-prima, abordando temas que se complementam como a perda e a saudade.

Uma das razões por Suzume ter chegado ao ápice das obras de renomado artista é que a personagem título e também os demais presentes no filme são retratados de forma profundamente humana e realista. Podemos entender quem é o rapaz solitário, quem é a tia desesperada por conexões emocionais e quem é o alívio cômico que o público vai se identificar.

Este filme é, em sua essência, a história de amadurecimento de sua protagonista de 17 anos, ambientada em vários locais atingidos por desastres em todo o Japão, e abordando as consequências de fecharmos portas em nossas vidas que podem ou não nos levar à novos lugares e situações. A música é frequentemente usada para criar um clima nostálgico e melancólico, enquanto a animação muitas vezes é usada para criar imagens belas e poéticas que transmitem as emoções dos personagens, principalmente em momentos decisivos na narrativa.

Em resumo, em Suzume, de Makoto Shinkai, o diretor japonês deixa de ser conhecido apenas por Your Name e passa a ser visto como um grande contador de histórias diversas, emotivas, com personagens humanos e realistas, atmosferas espetaculares e bom uso de música, animação e fotografia. Uma carta sobre temas universais como o amor, a perda e a saudade.

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