No último dia 15 de setembro, os cinemas de toda capital
paulista e também de outros estados, exibiram o live action dublado de Tokyo
Ghoul, dirigido por Kentarō Hagiwara. A iniciativa chamada de “Festival de Ação Japonês”, foi realizada pela
Sato Company com o apoio da Aliança Cultural Brasil-Japão. As sessões
aconteceram nas redes Cinépolis, Itaú e Cineflix sem grande estardalhaço do
público.
A história de Tokyo Ghoul gira em torno de Kaneki, um
estudante que sobrevive a um encontro mortal com Rize, uma mulher que se revela
um "ghoul", uma criatura semelhante a um humano, mas que caça e
devora carne humana. Quando o estudante descobre essa revelação, Rize ataca Kaneki que é ferido
gravemente indo parar no hospital em estado critico. Depois de recuperado, ele
descobre que, de alguma forma, foi submetido a uma cirurgia que o transformou
em meio-ghoul, e que, assim como eles, deverá consumir carne humana para sobreviver.
O filme explora os acontecimentos dos episódios 1 ao 8 do
anime, e toma a liberdade para modificar alguns eventos da trama para tentar surpreender o espectador adaptando momentos específicos para a narrativa de
cinema. A pegada da história é
sangrenta, mas ao mesmo tempo dramática. O dilema de Kaneki ao aceitar ser um
monstro ou continuar com a sua humanidade, é o foco da história que não peca em
mostrar cabeças decepadas, sangue e canibalismo.
Contudo, se por um lado à exploração destes pontos chaves
que tornaram Tokyo Ghoul tão aclamado é algo a ser elogiado, o marasmo causado
pelas cenas lentas e praticamente sem trilhas de fundo fazem com que o barco
que começava a adentrar o oceano começasse afundar.
A direção é muito boa, assim como os enquadramentos, ângulos
e distorções nas cenas de batalha, merecendo o devido reconhecimento. A fotografia é escura a maior parte do filme,
e o contraste entre computação gráfica e paisagem natural formam uma bela dupla
nos momentos de tensão e violência. Visualmente, todo o ‘esqueleto’ que
sustenta esta adaptação é funcional e agradável de assistir, mas infelizmente,
não são apenas aspectos visuais que dão vida a um filme.
Lamentavelmente, a atuação de alguns atores não é perfeita, e
muitas vezes somos forçados a rir em cenas tristes apenas porque o ator que
vive Kaneki (Masataka Kubota) não consegue chorar ou gritar sem oscilar entre entregar uma interpretação de psicopata ou de um menino assustado.
Certa vez eu já havia dito que é
horrível tentar imprimir uma interpretação que seja parecida com a do
personagem do anime, afinal de contas, o exagero de emoções por lá não condiz
com o cotidiano dos seres humanos daqui, mas mesmo assim, ainda o fazem sem
pensar duas vezes.
A sensação que o live action proporciona ao fã é algo como uma
chama de esperança por ver seus personagens preferidos na telona, os momentos de ação, e os efeitos especiais nas cenas de batalha, mas também deixa junto a mistura de que se houver uma sequência, a produção do
filme precisa arrumar estes pontos negativos, e voltar a propor toda a sanguinolência que
o início do longa soube explorar.
Foto: Divulgação