Crítica | Breaking Bad (2008-2013) O sabor da vida nos lábios de um viciado

Maykon Oliveira
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A desilusão da vida em seu patamar mais alto. Esta é melhor definição para Breaking Bad. A série que ganhou diversos fãs pelo mundo é o resultado de uma excelente história que mostra a linha tênue entre ser bom ou mau e como isto pode ser elevado ao mais alto nível dramático e reflexivo que você já viu.

CONTÉM SPOILERS



Em suas cinco temporadas, a história do Químico diagnosticado com câncer é o retrato da psique humana que precisa decidir entre estar vivo, ou estar vivendo. Walter White é o personagem mais bem construído da cultura pop de todos os tempos, sem dúvida alguma; o seu lado tímido, retraído e cuidadoso, é somado à sua ira que está mascarada há anos por sua vida pacata e sem graça. Ao surgir a oportunidade de fabricar metanfetaminas, ele entra em um jogo de gato e rato contra a polícia antidrogas, ao qual, seu cunhado faz parte.



A distinção entre o certo e o errado é algo que não pode ser estabelecido apenas pelo lado moral e ético já conhecido de nossa sociedade. As cenas em que levam ao julgamento sobre as ações de um traficante é muito mais complexa do que se possa imaginar. Para cada momento em que o espectador pensar: ''Isto é errado'', o roteiro gira a trama para outras vertentes que certamente contribuirão para um novo pensamento ser formado. 



A luta de Walter White para manter sua vida dupla por amor à sua família, agrega valores atemporais sobre paternidade, e companheirismo. As duas primeiras temporadas da série dão ênfase ao arco de ser um traficante de drogas, e como conquistar respeito e capital. A terceira temporada, por sua vez, é a exploração das várias consequências que esta vida de crime pode trazer, e por fim, a quarta e a quinta é a carga dramática e apreensiva já esperada pelo público a muito ansioso pelo desfecho desta história. 

A curiosidade em Breaking Bad é a mudança de ritmo e tom com o passar das temporadas. Em primeiro momento, a série parece ser puramente cômica e sem muito à acrescentar. No entanto, a carga reflexiva é extremamente pesada em sua última temporada, podendo também ser descrita como sombria, e ameaçadora. O modo como é explorado o fim de Walter White (Bryan Cranston) e Jesse Pinkman (Aaron Paul) é devastador e de tirar o fôlego. Em seus momentos finais, a trama torna-se triste, e ao mesmo tempo, respeitosa com o espectador pelo final que decide dar aos seus personagens. 

O Modo como acaba Breaking Bad é honesto, e muito menos fantasioso do que se possa imaginar. Os caminhos que levam às consequências de Walter e Jessie são mais do que apenas resultados de suas experiências, são respostas de uma vida conturbada e abalada pelos muitos traumas que eles são obrigados a carregar. A obra, é um espetáculo ao circo que é as lutas intermináveis contra as drogas e como chegar ao fim da vida após muitos momentos difíceis.

Ao fim, a série é divertida, impactante, dramática, inteligente, ambiciosa, criativa e devoradora quando se trata de contar uma boa história. O legado deixado pela obra da AMC é um retrato da conquista de um criador em seu maior nível intelectual, criativo e filosófico.


AVALIAÇÃO: ÓTIMO/EXCELENTE

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